16 abril de 2014
Pensando Sobre:
Ouro de tolo
por Mart De Haan em Oct
21 em Notícias & Blog, Pensando Sobre...
A Corrida do Ouro na Califórnia, em 1848 teve a sua
parcela de garimpeiros que pensavam ter ficado muito ricos — até descobrirem a
existência de uma pedra cintilante que veio a ser conhecida como ouro de tolo.
Muitos viram seus sonhos esvanecerem-se no brilho metálico e na tonalidade
amarelo-latão de um mineral relativamente sem valor, denominado pirita de
ferro.
Tal desencanto encontra
ressonância em tudo nas nossas vidas. Mais cedo ou mais tarde, cada um de nós
aprende que “nem tudo que reluz é ouro”. Aquilo que parece uma pechincha não é,
necessariamente, um bom negócio. Pessoas nas quais depositamos nossa confiança
ferem os nossos sentimentos.De muitas maneiras, precisamos de
sabedoria para enxergar a diferença entre um verdadeiro tesouro e uma imitação
sem valor.
Muito tempo atrás, um antigo rei
descobriu que encontrar a verdadeira sabedoria vale mais do que qualquer outra
coisa que estejamos procurando. Salomão escreveu: “Feliz o homem que acha
sabedoria, e o homem que adquire conhecimento; porque melhor é o lucro que ela
dá do que o da prata, e melhor a sua renda do que o ouro mais fino. Mais
preciosa é do que pérolas, e tudo o que podes desejar não é comparável a ela”
(Provérbios 3:13-15).
Salomão, porém, acrescenta uma
advertência. Ele alerta os possíveis caçadores de tesouros que uma busca por
sabedoria pode deixar-nos com algo pior que ouro de tolo. Em sua coleção de
provérbios, ele pergunta: “Tens visto a um homem que é sábio a seus
próprios olhos? Maior esperança há no insensato do que nele” (26:12).
Outra maneira de dizer isso
poderia ser: “Você vê pessoas que pensam saber tudo? Se elas não abrirem os
olhos, jamais saberão, tanto quanto uma pessoa que descobre como tem sido
tola.”
O entusiasmo de Salomão pela
sabedoria e sua incisiva advertência são captados por um escritor do Novo
Testamento. O autor, ao identificar-se como “Tiago, servo de Deus e do Senhor
Jesus Cristo”, une-se a Salomão ao afirmar que a sabedoria vem de Deus (Tiago
1:1,5). Ele nos encoraja a pedi-la com todo o nosso coração (1:5-6). Porém,
mais adiante, Tiago também nos adverte a tomar cuidado com a falsa sabedoria
(3:13-18).
Para certificarmo-nos de que
compreendemos como testar e reconhecer um tesouro que é mais valioso que ouro,
Tiago escreve: “A sabedoria, porém, lá do alto é, primeiramente, pura; depois,
pacífica, indulgente, tratável, plena de misericórdia e de bons frutos,
imparcial, sem fingimento” (Tiago 3:17).
Em meio aos verdadeiros
conflitos, infortúnios e tentações que invadem a vida de todos nós, não podemos
nos dar o luxo de esquecer estas marcas de identificação. O tesouro mais
valioso do que qualquer outra coisa que poderíamos desejar é:
1. Puro.
Uma vez que nossa sabedoria vem de Deus, ela não será poluída com as toxinas da
inveja e da ambição egoísta (Tiago 3:14-16). Tampouco, seu discernimento nos
deixará indecisos sobre desejar a ajuda de Deus nas dificuldades e conflitos
das nossas vidas (1:5-7).
2. Pacífico.
Este não é um desejo de paz a qualquer preço. Por ser uma sabedoria
fundamentada em motivos puros, anseia atrair os outros numa harmonia que tem
sua origem em Deus. Tiago clama por paz baseada na verdade e no amor ao reagir
aos conflitos que estão dividindo a família de Deus.
3. Indulgente.
Para expressar mais detalhadamente a sabedoria que ama a paz, Tiago utiliza uma
palavra que carrega o significado de ser bondoso e tolerante com os outros.
Esta força está sob o nosso controle e nos capacita a fazer concessões uns aos
outros. A mansidão razoável, justa e imparcial, nos ajuda a demonstrar o nosso
amor e a boa vontade de Cristo diante de um conflito real ou suscetível de
acontecer.
4. Tratável.
Considerando as condições e classificações anteriores, agir assim não significa
uma rendição ao mal. Reflete a disposição para desistir dos nossos próprios
direitos, quando isso expressar a força da nossa preocupação com os outros. Essa
submissão também nos dá a oportunidade de demonstrar, através de nossos atos,
que cremos que o nosso próprio bem-estar não está em vitórias ou em nosso
próprio caminho, mas em confiar-nos a Deus.
5. Pleno
de misericórdia e bons frutos. A sabedoria que vem de Deus traz
discernimento, mas não julgamento. Ela também não pressupõe insensivelmente que
aqueles que estão sofrendo merecem sua dor mais do que aqueles que são
abençoados com boas circunstâncias. As atitudes que se somam aos problemas de
pessoas feridas refletem a “sabedoria terrena”. A sabedoria que vem do alto
busca aliviar as suas misérias.
6. Imparcial.
A falsa sabedoria nos ensina a lisonjear e favorecer aqueles que têm algo a nos
oferecer. Faz-nos ignorar e desrespeitar as pessoas, cujos problemas poderiam
custar-nos tempo, dinheiro ou esforço. A verdadeira sabedoria enxerga a todos
como pessoas por quem Cristo morreu.
7. Sem
fingimento. Sermos sábios aos nossos próprios olhos nos induz a encobrir as
motivações que demonstram a nossa verdadeira natureza. A sabedoria de Deus nos
capacita a sermos verdadeiros e transparentes em nosso amor e respeito pelos
outros.
Pai Celestial, ajuda-nos a
compreender como tal conhecimento pode nos impedir de sermos sábios aos nossos
próprios olhos. Ensina-nos a utilizar estes conhecimentos não apenas para
confiarmos naquilo que Tu disseste, mas para entregarmo-nos ao que somente o
Senhor pode saber e fazer por nós. Acima de tudo, Pai, ajuda-nos a entender de
que maneira tal sabedoria nos leva aos infinitos e eternos benefícios de
conhecer Teu Filho “…em quem todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento
estão ocultos” (Colossenses
2:3).
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